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Foto do escritorFabio Zacarias

A Importância da Avaliação Física na Criança e no Adolescente em Fase Escolar


A Avaliação Física durante o período escolar tem como base a aplicação de uma série de procedimentos que visam a acompanhar, minuciosamente, o desenvolvimento da criança e do adolescente. Sua prática consiste na aplicação sistematizada e científica de técnicas de mensuração que permitam analisar, de forma qualitativa, os aspectos físicos e as adaptações em função do tempo. A aplicação de uma avaliação física periódica possui inúmeros benefícios, principalmente o de identificar possíveis distúrbios de ordem motora, postural e metabólica. Dessa forma, pode-se classificar indivíduos ou grupos de risco e, através de descrições e comparações, elaborar programas preventivos ou até mesmo interventivos no contexto escolar.


Distúrbios físicos comuns na criança e no adolescente em fase escolar


Concomitantemente às constantes modificações ocorridas nos padrões de comportamento no mundo contemporâneo, observa-se um aumento nos distúrbios físicos e psíquicos entre crianças e adolescentes. Entre os distúrbios físicos mais comuns, podemos citar: a obesidade, os desvios posturais, as alterações no crescimento e o comprometimento dos padrões motores.


Obesidade infantil


A obesidade é um problema crescente no mundo. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), “a obesidade infantil já apresenta dimensões epidêmicas em algumas áreas e ascendentes em outras. No mundo, existem 17,6 milhões de crianças obesas com idade menor que 5 anos”. No Brasil, segundo a Opas, o índice de obesidade infanto-juvenil subiu 240% nas últimas duas décadas. Em estudo recente, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) indica que 15% das nossas crianças estão obesas.


Essa também é uma preocupação que deve sensibilizar as instituições de ensino, pois a obesidade, além de criar dificuldade de socialização, pode aumentar a incidência de problemas ortopédicos e dermatológicos e favorecer a aquisição de doenças crônicas degenerativas, como: diabetes, acidente vascular cerebral, cardiopatias, hipertensão, osteoartrites, câncer, osteoporose, entre outras, aumentando, consideravelmente, os fatores de risco para a mortalidade. Estudos indicam que crianças obesas aumentam em três vezes as chances de ser um adulto obeso, enquanto adolescentes obesos apresentam 70% de chances de adquirir algum tipo de doença crônica na idade adulta. A obesidade pode ser adquirida através de um conjunto de fatores: biológicos (ex.: genéticos e fisiológicos), culturais (ex.: prática alimentar e atividade física) e psicológicos, proporcionando ao organismo o acúmulo excessivo de energia sob a forma de gordura. Apesar de sua etiologia multifária, o aspecto preponderante no desenvolvimento da obesidade é a relação entre a quantidade de energia ingerida e a gasta. Assim, a “epidemia” de obesidade é atribuída, principalmente, a mudanças de hábitos alimentares (aumento na aquisição de energia) e ao sedentarismo (diminuição no gasto de energia). Nesse contexto, podemos destacar alguns hábitos indesejáveis adquiridos na infância e adolescência que são determinantes no desenvolvimento da obesidade: declínio no número de crianças que participam de atividades físicas na escola e no lar, aumento de passatempos sedentários (televisão e computador) e aumento da ingestão de alimentos hipercalóricos e de baixo valor nutritivo.


Alterações posturais


No Brasil, estima-se que 70% dos jovens entre cinco e catorze anos possuem ou vão adquirir alguma alteração postural. Vários são os fatores que podem causar desvios posturais em crianças e adolescentes. Entre os mais comuns, destacam-se: permanecer muito tempo sentado (televisão, computador, sala de aula), transportar mochilas escolares pesadas e sedentarismo.


As patologias ortopédicas de ordem postural surgem, em sua maioria, entre os sete e catorze anos de idade, principalmente por ser nesse período que a criança está mais susceptível a alterações no sistema ósseo e articular, favorecendo o surgimento de deformidades. Também é devido à enorme plasticidade das estruturas relacionadas à postura que a implementação de programas de prevenção e correção postural durante o período de crescimento encontra maiores chances de êxito. Justifica-se, diante disso, a importância da prevenção e do diagnóstico de desvios posturais nas idades mais tenras. Se a má postura não for corrigida, o indivíduo poderá apresentar uma série de doenças na fase adulta: artrose, artrite, bursite, hérnia de disco, entre outras.


Avaliação da aptidão física e sua importância


O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), em seu posicionamento oficial sobre a aptidão física na infância e adolescência, considera que:


A avaliação do condicionamento físico é uma visível e importante parte dos programas de aptidão física. Escolas, comunidades, estados e organizações nacionais devem adotar uma aproximação lógica, consistente e científica sobre a avaliação da aptidão física. O foco da avaliação física deve ser relacionado à saúde, em vez de ser relacionado à forma. A aptidão física é primariamente determinada pela prática de atividade física e é operacionalmente definida como o desempenho atingido nos seguintes testes: potência aeróbia, composição corporal, flexibilidade, força e resistência dos músculos esqueléticos. A aptidão física é importante durante a vida para desenvolver e manter a capacidade funcional para as demandas vitais e promoção de saúde.


O auxílio da informática no processo de Avaliação Física


Atualmente, existem programas informatizados que trazem avaliações antropométricas, psicomotoras e posturais específicas para serem aplicadas em crianças e adolescentes, facilitando mais ainda sua operacionalização. Dessa forma, as instituições de ensino deveriam desenvolver estratégias que contemplassem a realização periódica dessas avaliações, que, incontestavelmente, demonstram ser um instrumento eficiente, seguro e de baixo custo no acompanhamento do desenvolvimento e da maturação da criança e do adolescente, possibilitando a detecção, a prevenção e a intervenção precoce sobre possíveis distúrbios físicos que possam acometê-los durante a fase escolar.

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